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domingo, 28 de fevereiro de 2016

REVIEWS: Crouching Tiger, Hidden Dragon - Sword of Destiny


“O Tigre e o Dragão: Espada do Destino”, é uma sequência do clássico “O Tigre e o Dragão” de 2000. Sabe aquela velha história de que sequências não são boas como o original? Então...
Uma produção original NETFLIX
 

Falemos um pouco da história de O Tigre e o Dragão: o original é um filme no melhor estilo “wuxia”, que mistura elementos fantásticos e artes marciais (Herói, O Clã das Adagas Voadoras, A Maldição da Flor Dourada, etc), suas lutas são belamente coreografadas por Woo-Ping Yuen, demonstrando uma leveza e complexidade filosóficas em cada golpe. A fotografia de Peter Pau foi impecável, a trilha sonora de Tan Dun, envolvente e maravilhosa, casou perfeitamente com os aspectos taoístas da obra. A direção de Ang Lee foi, sem medir palavras, maravilhosamente majestosa! Cada diálogo de Li Mu Bai com Yu Shu Lien era imbuído de uma rica filosofia taoísta bem característica dos filmes chineses de artes marciais. O verdadeiro combate central do filme se dá entre a aceitação do bem e do mal, da ganância e desejo por um objeto lendário e da eterna luta entre sentimentos e honra/dever. Não me alongarei mais em falar do original de 2000, do qual sou claramente fã, mas falemos então de sua sequência produzida pelo Netflix!

“A Espada do Destino” é dirigido por Woo-Ping Yuen, o que certamente nos leva a pensar que as lutas seriam tão belas como as do primeiro, certo? Então, não é bem assim! Os golpes não passam mais do que isso, apenas golpes dados sem aquela beleza já mencionada! A trilha sonora de Shigeru Umebayashi não é horrível, até aceitável na verdade, mas não casa muito bem com alguns dos momentos do filme e deixa a desejar. A fotografia de Newton Thomas Sigel pode ser considerada a única coisa que realmente salva nesse filme, visto que consegue nos transportar até uma época antiga e mágica das lendas orientais, mesmo se quebrando com as cores fortes e o visível aspecto escuro/sombrio do “lado do mal”. Sem falar nos efeitos especiais em demasia, que deram um caráter extremamente artificial ao filme, o que dificulta mais ainda engoli-lo.

O filme tem uma história bem rasa, cheia de clichês hollywoodianos que não combinam nem um pouco com a arte chinesa apresentada no primeiro filme. John Fusco escreveu esse roteiro talvez pensando que ainda escrevia um “Reino Proibido” (2008)! Muito romance escancarado, coadjuvantes pastelão e dramas desnecessários como a volta de um personagem supostamente morto: Lobo Silencioso. O problema é que não tem como se apegar à maioria dos personagens, talvez apenas com a própria Yu Shu Lien, que já conhecíamos do primeiro filme. Aliás, vale ressaltar que Li Mu Bai é mencionado várias vezes no filme, mas tudo que ele significou e deixou parecem não ter tanta importância assim após o retorno de Lobo Silencioso.

Um personagem que definitivamente não me agradou é Hades Dai, o vilão caricato do filme. Ele é interpretado por Mogli, o menino Lobo e... Quer dizer, Jason Scott Lee! Um vilão cuja maior motivação é conseguir a lendária Destino Verde, a eterna espada de Li Mu Bai, pois apenas assim conseguiria dominar (mais ainda) as cidades e aldeias da China. Para entender o quão raso e caricato é o núcleo “mal” do filme, saibam que Hades Dai aceita uma espécie de bruxa/profeta em sua corte de malfeitores que lhe diz que ele precisa da espada. Acho que já vi isso em alguns lugares...

O que dizer de Vaso de Neve e Tiefang? Poderiam ter sido muito melhor aproveitados e não passaram de meros personagens que dançam entre o papel de coadjuvantes e principais durante todo o filme. Sem falar que é difícil separar Harry Shum de seu personagem em Shadowhunters, o mago Magnus Bane!

Não estou dizendo que não gostei do filme, quem me conhece sabe que tenho um fraco por filmes de artes marciais, ainda mais quando o filme em questão tem um nome como “O Tigre e o Dragão” em suas costas, mas infelizmente A Espada do Destino não é um filme memorável e nem será lembrado como seu predecessor, faltam muita beleza e filosofia para que ele se aproxime do filme de 2000, mas é um filme bacana de artes marciais. Eu espero MESMO que uma sequência não seja feita, pois o final é claramente aberto possibilitando várias histórias!

Nota do Jack: 5,5 (só pelo carinho à Shu Lien)

[SPOILER] Falando do final do filme, eu realmente queria que Vaso de Neve tivesse morrido. O filme teria ficado tão melhor! O final em que ela, Tiefang, Lobo Silencioso e Yu Shu Lien cavalgam na direção do Sol, rumo ao templo de Wudan, é muito, mas muito hollywoodiano e não combina com tudo que é o gênero wuxia!
 
Trailer do Filme