“O
Tigre e o Dragão: Espada do Destino”, é uma sequência do clássico “O Tigre e o
Dragão” de 2000. Sabe aquela velha história de que sequências não são boas como
o original? Então...
Uma produção original NETFLIX |
Falemos
um pouco da história de O Tigre e o Dragão: o original é um filme no melhor
estilo “wuxia”, que mistura elementos fantásticos e artes marciais (Herói, O
Clã das Adagas Voadoras, A Maldição da Flor Dourada, etc), suas lutas são
belamente coreografadas por Woo-Ping Yuen, demonstrando uma leveza e
complexidade filosóficas em cada golpe. A fotografia de Peter Pau foi impecável,
a trilha sonora de Tan Dun, envolvente e maravilhosa, casou perfeitamente com
os aspectos taoístas da obra. A direção de Ang Lee foi, sem medir palavras,
maravilhosamente majestosa! Cada diálogo de Li Mu Bai com Yu Shu Lien era
imbuído de uma rica filosofia taoísta bem característica dos filmes chineses de
artes marciais. O verdadeiro combate central do filme se dá entre a aceitação
do bem e do mal, da ganância e desejo por um objeto lendário e da eterna luta
entre sentimentos e honra/dever. Não me alongarei mais em falar do original de
2000, do qual sou claramente fã, mas falemos então de sua sequência produzida
pelo Netflix!
“A
Espada do Destino” é dirigido por Woo-Ping Yuen, o que certamente nos leva a
pensar que as lutas seriam tão belas como as do primeiro, certo? Então, não é
bem assim! Os golpes não passam mais do que isso, apenas golpes dados sem
aquela beleza já mencionada! A trilha sonora de Shigeru Umebayashi não é
horrível, até aceitável na verdade, mas não casa muito bem com alguns dos
momentos do filme e deixa a desejar. A fotografia de Newton Thomas Sigel pode
ser considerada a única coisa que realmente salva nesse filme, visto que
consegue nos transportar até uma época antiga e mágica das lendas orientais,
mesmo se quebrando com as cores fortes e o visível aspecto escuro/sombrio do
“lado do mal”. Sem falar nos efeitos especiais em demasia, que deram um caráter
extremamente artificial ao filme, o que dificulta mais ainda engoli-lo.
O filme
tem uma história bem rasa, cheia de clichês hollywoodianos que não combinam nem
um pouco com a arte chinesa apresentada no primeiro filme. John Fusco escreveu
esse roteiro talvez pensando que ainda escrevia um “Reino Proibido” (2008)!
Muito romance escancarado, coadjuvantes pastelão e dramas desnecessários como a
volta de um personagem supostamente morto: Lobo Silencioso. O problema é que
não tem como se apegar à maioria dos personagens, talvez apenas com a própria
Yu Shu Lien, que já conhecíamos do primeiro filme. Aliás, vale ressaltar que Li
Mu Bai é mencionado várias vezes no filme, mas tudo que ele significou e deixou
parecem não ter tanta importância assim após o retorno de Lobo Silencioso.
Um
personagem que definitivamente não me agradou é Hades Dai, o vilão caricato do
filme. Ele é interpretado por Mogli, o menino Lobo e... Quer dizer, Jason Scott
Lee! Um vilão cuja maior motivação é conseguir a lendária Destino Verde, a
eterna espada de Li Mu Bai, pois apenas assim conseguiria dominar (mais ainda)
as cidades e aldeias da China. Para entender o quão raso e caricato é o núcleo
“mal” do filme, saibam que Hades Dai aceita uma espécie de bruxa/profeta em sua
corte de malfeitores que lhe diz que ele precisa da espada. Acho que já vi isso
em alguns lugares...
O
que dizer de Vaso de Neve e Tiefang? Poderiam ter sido muito melhor
aproveitados e não passaram de meros personagens que dançam entre o papel de
coadjuvantes e principais durante todo o filme. Sem falar que é difícil separar
Harry Shum de seu personagem em Shadowhunters, o mago Magnus Bane!
Não
estou dizendo que não gostei do filme, quem me conhece sabe que tenho um fraco
por filmes de artes marciais, ainda mais quando o filme em questão tem um nome
como “O Tigre e o Dragão” em suas costas, mas infelizmente A Espada do Destino
não é um filme memorável e nem será lembrado como seu predecessor, faltam muita
beleza e filosofia para que ele se aproxime do filme de 2000, mas é um filme
bacana de artes marciais. Eu espero MESMO que uma sequência não seja feita,
pois o final é claramente aberto possibilitando várias histórias!
Nota do Jack: 5,5 (só pelo carinho à Shu Lien)
Nota do Jack: 5,5 (só pelo carinho à Shu Lien)
[SPOILER]
Falando do final do filme, eu realmente queria que Vaso de Neve tivesse
morrido. O filme teria ficado tão melhor! O final em que ela, Tiefang, Lobo
Silencioso e Yu Shu Lien cavalgam na direção do Sol, rumo ao templo de Wudan, é
muito, mas muito hollywoodiano e não combina com tudo que é o gênero wuxia!
Trailer do Filme